A Produção de Palma Forrageira Resistente à Cochonilha do Carmim é uma exploração agropecuária considerada de grande utilidade usualmente adotadas pelos agricultores nas regiões semiáridas. A palma forrageira tem sua importância reconhecida ao fornecer o suprimento de alimentos extremamente importantes para a manutenção dos rebanhos, especialmente nos períodos de seca, evitando frustrações na atividade pecuária e proporcionando uma melhor convivência nas estações de escassez de recursos hídricos.
Estão aqui apresentados os benefícios esperados; as características técnicas; as condições do estabelecimento agrícola, e as orientações técnicas para a compreensão e adoção pelos agricultores a adotarem essa tecnologia.
1. BENEFÍCIOS ESPERADOS.
Nas regiões semiáridas anualmente as culturas vegetais ficam escassas durante o verão, período de escassez de chuva, dificultando a alimentação das famílias e das criações de animais.
O cultivo da palma forrageira, tem recebido nos últimos anos atenção especial devido a sua grande importância para essas regiões devido a sua rusticidade, altíssima produtividade e baixo custo de manejo, tendo como principal objetivo garantir o suporte forrageiro na época de escassez de forragens.
A produção de palma forrageira levará a uma produção de massa verde para alimentação dos animais nas regiões semiárida, trazendo benefícios como:
- Disponibilidade de forragem em período de escassez alimentar;
- Redução dos riscos com perdas de animais;
- Redução dos custos na alimentação animal;
- Aumento da produtividade.
2. CULTIVO DA PALMA FORRAGEIRA.
Escolha do terreno – a palma se desenvolve melhor em solos leves de textura média (argilo-arenosos), boa fertilidade e não sujeitos a encharcamento. O local ideal para o cultivo da palma deve apresentar topografia plana ou levemente inclinada, além de não ser sujeito ao encharcamento.
A área a ser cultivada deve ter fácil acesso, o mais próximo do centro de manejo dos animais e ser cercada para evitar o acesso de animais que possa danificar a cultura.
Preparo da área – realizar a aração ou gradagem do terreno com trator ou a tração animal, a critério do produtor; proceder a abertura dos sulcos destinados ao plantio das raquetes.
Vários espaçamentos podem ser usados entre as linhas de plantio e entre as plantas. Os espaçamentos mais comuns variam de 1,0m x 1,0m até 2,0m x 0,10m.
Tradicionalmente, os agricultores plantavam a palma com grandes espaçamentos, muitas vezes para permitir o consórcio com outras culturas. Mais recentemente, tem-se utilizado espaçamentos mais reduzidos, saindo-se de 5 mil plantas por hectare (2m x 1m) para até 80 mil plantas (0,5 m x 0,25 m) com uma maior produção de forragem, o que aumenta a exigência em adubação.
Com o plantio muito adensado, a realização de capinas, assim como o controle de pragas é dificultada, além de demandar por mais nutrientes e maior atenção à cultura. Espaçamentos que garantam entre 20 a 40 mil plantas por hectare são os mais indicados.
Espaçamento | Densidade de plantas por ha |
1,00 x 0,50 m | 20.000 |
1,40 x 0,20 m | 35.714 |
1,60 x 0,10 m | 62,500 |
1,80 x 0,10 m | 55,555 |
2,00 x 0,10 m | 50.000 |
As raquetes-semente devem ser retiradas da parte mediana da planta matriz, com corte realizado na inserção (junta) de uma raquete com a outra.
As raquetes devem ser selecionadas de plantas saudáveis, sem ferimentos, pragas e sinais de doenças. Elas devem ser retiradas do meio da planta mãe, evitando a escolha de raquetes jovens ou velhas.
Após o corte, as raquetes deverão ser deixadas à sombra, em local arejado por 5 a 15 dias, para que ocorra a cicatrização. Evite colocá-las em locais sujeitos a encharcamento para que não apodreçam.
Plantio – As raquetes devem ser enterradas em 50% da sua área no solo, favorecendo o desenvolvimento do sistema radicular.
O plantio pode ser feito em covas de 20 cm x 20 cm x 20 cm ou em sulcos com profundidades de 20 cm a 30 cm. Os sulcos podem ser feitos por trator, tração animal ou manualmente ou com enxada.
Plantio adensado: Os espaçamentos mais utilizados no cultivo intensivo ou adensado é 2 metros entre fileiras e 10 centímetros entre raquetes com 50.000 plantas por hectare, ou 1 metro entre as fileiras e 25 centímetros entre as raquetes com 40.000 plantas por hectare.
O plantio no momento certo influencia a implantação e produtividade da palma. A época de plantio ideal deve ser pelo menos um mês antes do início da estação chuvosa, respeitando o período de cicatrização.
Após o plantio, o solo em torno das raquetes deve ser pressionado para proporcionar maior contato e favorecer o pegamento.
Adubação.
Adubação orgânica – recomenda-se utilizar esterco de curral. No caso de plantio em sulcos, distribuir de dois a três quilos de esterco por metro linear; quando o plantio for em covas, colocar 500 a 750 gramas de esterco no fundo de cada uma.
Adubação química – deve ser realizada de acordo com as recomendações da análise de solo.
Tratos culturais.
A limpeza da área para a eliminação das plantas indesejáveis, deve ser realizada, por meio de capinas, de duas a três vezes ao ano ou sempre que necessário. Esta prática contribui para reduzir a competição por luz, água e nutrientes pelas plantas e deve ser realizada cuidadosamente, evitando-se provocar ferimentos nas raquetes e raízes próximas à superfície do solo os quais servirão de porta de entrada para doenças e podendo reduzir a absorção de nutrientes.
Se o corte da palma for feito a cada dois anos, pode-se adubar também a cada dois anos, enquanto se o corte for realizado todos os anos, a adubação de reposição deve ser anual. Nas adubações de manutenção aplica-se o esterco lateralmente na linha de plantio ou cova da palma.
3. PRAGAS QUE ATACAM A PALMA FORRAGEIRA.
A palma forrageira é atacada por pragas como a Cochonilha-do-carmim; o Bicho-bolo ou pão-de-galinha; e a Cochonilha de escama ou farinhosa.
A cochonilha-do-carmim é considerada a principal praga da palma forrageira. Suga a seiva da planta, deixando-a debilitada e amarelada, seguida de secagem e morte em breve período de tempo.
Plantas atacadas pela cochonilha-do-carmim.
São as seguintes as práticas importantes a serem adotadas para a prevenção e o controle da cochonilha-do-carmim:
- A principal providência para a prevenção da cochonilha-do-carmim é a utilização de variedades de palma resistentes;
- Aquisição de raquetes-semente de cultivos livres de pragas e de procedência conhecida;
- Evitar o trânsito de pessoas e animais provenientes de áreas infestadas e de cultivos em que a praga tenha ocorrido;
- Adotar espaçamentos que permitam a pulverização caso seja necessário;
- Colher fileiras de plantas de forma alternada para facilitar a inspeção e o controle da praga no cultivo;
- No surgimento de pequenos focos, colher imediatamente as raquetes infestadas, oferecê-las aos animais ou removê-las da área e pulverizar a planta infestada pela praga;
- Manter o cultivo livre de plantas invasoras para alcançar melhor monitoramento e controle da praga.
4. PRINCIPAIS DOENÇAS DA PALMA FORRAGEIRA.
A palma forrageira é atacada por várias doenças, no entanto apenas algumas causam danos significativos e merecem atenção por parte do produtor, são elas:
Podridão mole. Essa doença é causada pela Pectobacterium carotovorum subsp. Carotovorum e ocorre em raquetes recém plantadas, induzida por excesso de umidade no solo, ausência ou cura deficiente das raquetes, lesões ocorridas durante a colheita ou transporte das raquetes. Ainda pode ser causada por pragas subterrâneas ou o uso excessivo de matéria orgânica.
Para o controle da podridão mole, é recomendado:
- O uso de raquetes oriundas de cultivos sadios;
- Evitar plantios com variedades suscetíveis à doença em períodos chuvosos;
- Evitar plantios em áreas propícias ao encharcamento; e
- Relalizar a cura das raquetes de plantio e utilizar adubos orgânicos bem curtidos, com a dosagem baseada na análise do solo.
Ao primeiro sinal da doença deve-se erradicar a planta atacada.
Gomose. Essa doença, causada pela Dothiorella ribis, se manifesta vários meses após o plantio e é caracterizada pela exsudação (saída de seiva da planta em forma de gostas) que, inicialmente, apresenta coloração amarela e posteriormente se solidifica, exibindo coloração escura com aspecto coriáceo, ou seja, com consistência semelhante ado couro.
Para o controle dessa doença é recomendado:
- O uso de adubações equilibradas; e
- O plantio de raquetes sadias.
Ao primeiro sinal da doença deve-se eliminar a parte da planta atacada retirando-a da área de cultivo.
Escamação seca. Essa doença, causada pela Scytalidium lignicola, é frequente nas áreas de cultivo. Aparece em várias partes da planta, principalmente na porção basal da raquete.
Inicialmente, a doença se apresenta a partir de lesões secas e rachadas, que assumem a forma de escamas.
Para o controle da escamação seca, recomenda-se o uso de raquetes oriundas de cultivos sadios.
Ao primeiro sinal da doença, deve-se erradicar a parte da planta atacada retirando-a da área de cultivo.
Alternária. Essa doença, causada pela Alternaria tenuis, apresenta lesões deprimidas de coloração preta localizadas nas raquetes, nas formas circulares ou elípticas com abundante esporulação do fungo na superfície lesionada.
Com o avanço da doença, a parte doente se rompe resultando em uma abertura que vai de uma face a outra da raquete.
Para o controle da alternária, recomenda-se os seguintes procedimentos:
- Remoção e destruição das raquetes afetadas;
- Realização de adubações equilibradas; e
- Plantio de variedades resistentes como as da espécie Opuntia fícus-indica.
Ao primeiro sinal da doença deve-se erradicar a parte da planta atacada retirando-a da área de cultivo.
Para o uso dos defensivos agrícolas autorizados pelos órgãos de controle, é recomendado o suporte técnico através de consulta à profissionais autônomos da área agronômica ou disponibilizados nos órgãos de assistência técnica.
5. COLHEITA E FORNECIMENTO AOS ANIMAIS.
A primeira colheita deve ocorrer entre 1 ano e meio a 2 anos após o plantio e as seguintes de 2 em 2 anos, ou de acordo com a necessidade de uso das raquetes na alimentação animal. O corte da palma deve ser efetuado na junta, entre as raquetes. No corte, deve-se deixar as raquetes de primeira ordem e uma raquete de segunda ordem, ou seja, o grupo de raquetes depois da raquete base (raquete plantada).
A produtividade da palma depende do espaçamento utilizado, assim: um hectare de palma plantado no espaçamento de 1 x 0,50m, produz 220 toneladas por hectare a cada dois anos; um hectare de palma plantado no espaçamento de 1x 0,25m, produz 300 toneladas por hectare a cada dois anos.
Com relação ao fornecimento, por ser pobre em fibra, não se recomenda fornecer a palma como alimento exclusivo. Mas, considerando-se que o animal não esteja confinado e que, mesmo no período seco, ele vai encontrar algum alimento fibroso, uma suplementação com palma, na base de três a quatro quilos por caprino/ovino adulto é satisfatória.
O modo mais frequente de fornecimento da palma é a forma picada no cocho sem misturá-la a nenhum outro alimento.
As taxas de consumo mais elevadas foram observadas quando a palma foi processada por meio de uma máquina de forragem.
Ver também: COMO CULTIVAR O FIGO-DA-ÍNDIA.
REFERÊNCIAS
EMBRAPA – Cultivo da palma no semiárido.
EMBRAPA – Plantio e manejo da palma forrageira no semiárido.
EMBRAPA – Palma forrageira na alimentação animal.
PROJETO COOPERAR – CARTILHA DAS TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO.
SENAR-Palma forrageira – Cultivo da palma forrageira no semiárido brasileiro.