Paulownia desenvolvimento rural

Paulownia: um guia para plantio e estabelecimento da cultura

A Paulownia tomentosa, ou kiri, foi introduzido nos EUA durante o século XIX, por suas qualidades ornamentais, era considerada uma árvore daninha. No entanto, a Paulownia agora é considerada uma das principais espécies de madeira. Os preços pagos pelas toras de Paulownia muitas vezes excedem os pagos pela nogueira preta, reconhecida como “O Rei” das madeiras de lei. Há outras espécies interessantes que são a Paulownia elongata, e a Paulownia fortunei.

Do ponto de vista econômico, a Paulownia promove o aproveitamento ótimo dos recursos disponíveis, e sua capacidade de crescimento (geração de biomassa) é uma das mais altas do reino vegetal.

Este post contém informações específicas para o produtor de paulownia sobre seleção do local, produção de mudas por sementes e estaquia e plantio e estabelecimento da cultura.

A madeira paulownia é leve e resistente. Pode ser utilizada em uma grande variedade de objetos. Entre os usos comerciais da Paulownia estão: móveis, armários, portas, janelas, painéis, armários de alta qualidade, postes, colunas, vigas; revestimento interior de carros, aviões e barcos; instrumentos musicais, cabines, racks, brinquedos, molduras, forros, compensados, aglomerados e artesanato.

Suas grandes folhas servem como silagem para alimentar bovinos e suínos. Um hectare com 600 paulownia, pode-se cortar após 4 anos e obter 240 m3 de madeira ou esperar 7/8 anos e sua produção de madeira atingirá cerca de 600m3.

A madeira da Paulownia não é atacada por insetos, cupins ou formigas. A razão é que nesta espécie os taninos (substâncias que funcionam como defesa contra pragas) se acumulam na madeira, o que o torna resistente a invasões de insetos.

  1. Produção de mudas da Paulownia.

Como as plantas jovens são suscetíveis a doenças, o solo utilizado para produção das mudas deve ter boa drenagem e uma textura leve para manter os canteiros saudáveis livre de enxarcamentos.

1.1.  Propagação da Paulownia por sementes.

A produção de mudas a partir de sementes para o gênero Paulownia é considerada lenta, além de apresentar como resultado uma grande variação fenotípica devido à variação genética própria da reprodução sexual.

As sementes para viveiros podem ser compradas em lojas de insumos agrícolas ou coletadas em árvores locais. Coletar sementes de árvores locais fornece alguma garantia de que as árvores que as produz são capazes de sobreviver e crescer razoavelmente bem em sua região. Se possível, deve-se coletar sementes das árvores mais bonitas.

A Paulownia geralmente começa a produzir sementes após 8 ou 10 anos. Existem cerca de 3 milhões de sementes por quilo. Sob condições favoráveis, uma grande árvore pode produzir até 20 milhões de sementes em um ano.

Para coleta de sementes, deve-se recolher as vagens depois de maduras, mas antes de abrir. Após a coleta, deixa-se as vagens secarem ao ar. Uma boa maneira de remover as sementes das vagens é colocá-las em sacos de estopa ou juta e esmagar suavemente o conteúdo. A semente pode ser facilmente separada manualmente do lixo mais pesado.

A germinação das sementes.

  • Nas lojas de insumos agrícolas existem substratos já prontos, que já vem esterilizados, com nutrientes, aeração e drenagem ideais. São os mais recomendados. O substrato deve ter um pH entre 6 e 7.
  • Poderá também ser usado qualquer solo de boa qualidade, com boa aeração e drenagem. Se for usado solo de seu imóvel é recomendado esterilizar o substrato antes da semeadura, pode ser feito de 2 formas:
    • No forno: colocando-se o substrato em um recipiente metálico e deixando-o no forno por meia hora na temperatura máxima.
    • No micro-ondas: 90 segundos para cada kg de substrato.
  • Colocar o substrato em caixas de madeira. Umedecer o substrato e, em seguida, semear cerca de 1 colher de chá por metro quadrado. Espalhe a semente à mão. Cobri-las com uma camada fina de areia.
  • Cobrir as caixas com plástico de polietileno visando aumentar a temperatura do solo e acelerar a germinação.
  • Iluminar por 2 semanas e 16 horas por dia acima da sementeira (use uma lâmpada de 20 watts, baixo consumo) A temperatura deve ser mantida entre 15 e 25 graus.
  •  A manutenção de um ambiente úmido durante a germinação e o desenvolvimento inicial das plântulas é importante. A dessecação, mesmo por curtos períodos, pode ser fatal durante o desenvolvimento inicial da raiz.
  • Após a germinação, o plástico de polietileno deve ser removido para que as pequenas plantinhas possam respirar.
  • Quando as plantas alcançarem mais do que 1 /2 centímetro, elas são cuidadosamente transplantadas para vasos individuais de 250 ml a 300 ml por adição de um fertilizante de 5/5/5.
  • Depois de 5-6 semanas, as plantas serão transplantadas para o local definitivo.
  • Pode ser usado um fertilizante NPK de liberação lenta, como Osmocote (14-14-14) em uma única aplicação a 0,5 Kg por m2 e um aditivo de micronutriente de liberação lenta, como Micromax a 0,1 kg por m2 é suficiente para toda a estação de crescimento.

1.2. Propagação da Paulownia por estaquia.

A propagação de Paulownia por estaquia pode ser feita com pedaços de caules, ramos ou raízes onde em condições naturais são colocadas em condições propícias ao enraizamento e posterior desenvolvimento da parte aérea, dando origem a uma nova planta resultando na formação de mudas. A técnica de estaquia baseia-se no uso de porções de estacas caulinares semi lenhosas, colocadas em condições propícias ao enraizamento e posterior desenvolvimento da parte aérea, dando origem a uma nova planta.

A vantagens em se utilizar a propagação por estaquia em espécies florestais é a possibilidade da uniformização das plantas e a antecipação do período de florescimento. A propagação vegetativa pode proporcionar a produção de uma grande quantidade de mudas de boa qualidade em um curto espaço de tempo; no entanto, vai depender diretamente da capacidade de enraizamento de cada espécie, bem como da qualidade do sistema radicular formado.

A escolha do substrato apropriado é também um fator relevante no processo de propagação. Este se destina a sustentar as estacas durante o período de enraizamento, mantendo sua base em ambiente úmido, escuro e suficientemente arejado. Sua composição ideal de forma geral deve ser porosa, gerando uma boa relação entre os teores de água e ar presentes no mesmo.

O uso de enraizadores vegetais encontrados em lojas insumos agrícolas também podem ser utilizados, onde a concentração utilizada pode variar de acordo com a espécie, clone, estado de maturação, tipos de estacas, condições ambientais, forma e tempo de aplicação, dentre outros, e o produto a ser utilizado, sendo as maiores concentrações utilizadas em estacas mais lenhosas, de enraizamento mais difícil.

Para promover um maior enraizamento de estacas é recomendado uma menor incidência de luz natural; temperatura variando de 20 a 30°C durante o dia e 15 °C durante a noite; deve-se irrigar, porém evitar o excesso de umidade que passa a ser prejudicial por dificultar a movimentação de gases.

  1. Condições adequadas do solo para o plantio de Paulownia.

Tendo como principal objetivo a obtenção de toras de madeira de boa qualidade, segue alguns procedimentos a serem observados para o estabelecimento do plantio da paulownia.

A topografia e a qualidade do solo são dois fatores que afetam o sucesso potencial das plantações de Paulownia. Os terrenos inclinados são geralmente melhores do que os terrenos planos mal drenados, e os declives mais baixos são superiores aos declives superiores. O melhor local é uma encosta ensolarada. Em topografias suavemente onduladas podem ser feitas plantações em todas as posições do talude. O local deve ser relativamente bem protegido dos ventos predominantes e ter um solo bem drenado com pelo menos 2,0 m de profundidade.

A Paulownia tem a capacidade de se desenvolver em solos pobres ou erodidos, desde que seja sustentada com adubo orgânico e sistema de irrigação. Os melhores solos para estabelecer plantações de Paulownia são aqueles com textura argilosa permeável, arenosa a leve. No entanto, a árvore é capaz de crescer em outros tipos de solo, mas para isso é necessário fazer ajustes neles. Deve-se evitar subsolo muito duro. Os solos com alto teor de argila devem ser evitados.

A seguir estão apresentadas as condições apropriadas do solo para o plantio da paulownia:

  • Solo bem drenado, solo arenoso argiloso;
  • Precisa de solo sem rocha com pelo menos 2m de profundidade;
  • A camada freática deve ser de pelo menos 1,5 m de profundidade;
  • PH Ideal 6-7, mas Paulownia pode tolerar pH 5-8;
  • Um solo rico em nutrientes;
  • Precipitação anual mínima de 600 milímetros;
  • Muito tolerante à seca. Resiste a temperaturas de -20 ° C a +45 ° C, sendo ideal entre 24º C a 29º C.;
  • Não muito ventoso;
  1. Plantio

O preparo do solo pode ser realizado com a utilização de máquinas, seja com arado, grade de discos ou grade de dentes a uma profundidade de 40 a 50 cm. Para o plantio das mudas abrir buracos de 60 a 80 cm de profundidade e de e 30 a 40 cm de largura. Preencher com solo arejado e adicionado com composto orgânico. Este método melhora o desempenho de crescimento especialmente no primeiro ano.

Para produção de madeira de qualidade, plantar 625 mudas por hectare, num espaçamento de 4m x 4m.

É importante limpar ao redor do tronco para que plantas daninhas não venham sufocar as arvores. As árvores para que sejam bem estabelecidas, precisam de controle de competição pelo menos nos primeiros anos. Para isso, deve ser removido mecanicamente a vegetação a pelo menos 1 metro ao redor da base da muda. Herbicidas também podem ser eficazes para a eliminação de plantas daninhas. Para isso deve ser consultado um profissional engenheiro ou técnico qualificado sobre o uso adequado de herbicidas para a plantação.

Durante o primeiro mês de crescimento, observar o risco de ataque de pragas. Consulta a técnicos e as lojas de produtos agrícolas podem fornecer produtos adaptados para tratar as pragas. Quando as árvores vão exceder 1 m de altura, elas começam a crescer de 5 a 10 cm por dia e os insetos não são capazes de prejudicá-las.

O cumprimento destas regras vai fazer que o plantio seja constituído com árvores retas de grande porte. Naturalmente, mais esforços serão feitos no primeiro ano, melhores serão os resultados alcançados ao longo dos próximos anos.

Não é preciso replantar a paulownia. Por conta de seu sistema radicular já desenvolvido, após cada corte, a paulownia brota com maior velocidade e vigor, sem a necessidade de replantar.

brotação das raízes de paolownia

A melhor situação: o broto vem de raízes desconectadas do toco. Após o tronco ter sido cortado, remove-se o solo e retira-se um trecho das cascas das raízes. Vários brotos devem se desenvolver além das áreas descascadas. Deixa-se um broto vigoroso e remove-se todos os outros. Preencha em torno deste broto com solo ou cobertura morta.

  1. Fertilização

Para a fertilização do solo, uma boa fórmula recomendada é NPK (20:15:15).

  1. Irrigação

A Paulownia possui um sistema radicular profundo podendo absorver água até 5 m. Requer uma precipitação anual de 800 mm. Em épocas de seca a irrigação por gotejamento, seria ideal para suprir as necessidades de água. Na ausência de chuvas no plantio, efetuar a irrigação. Rogar 2 vezes por semana, durante os primeiros dois anos, excepto em caso de chuva. Após estes dois anos, sem necessidade de irrigar.

  1. Poda de Manutenção

Para se obter uma madeira de boa qualidade, deve-se excluir os ramos jovens do tronco (ver foto). A falta de ramos vai garantir uma qualidade de madeira sem nó. Este processo pode ser realizado aproximadamente 5 vezes de acordo com o crescimento do Paulownia ou até que a árvore esteja na altura desejada.

 

Locais onde os botões devem ser removidos

 

  1. A arvore Paulownia é ideal para cultura intercalada.

A Paulownia também podem ser plantadas em consórcio com outras culturas, suas flores e folhas são ricas em nutrientes que deixam no solo, aumentando a sua qualidade (camada de solo fértil do teor de nitrogênio das folhas entre 15 e 25%). Além disso, a arvore Paulownia melhora, por sua sombra, as culturas em zonas áridas.

As folhas da Paulownia são uma alternativa forrageira, pois possui 20% de proteína bruta e 60% de digestibilidade, portanto possui um excelente valor nutricional para pequenos ruminantes.

  1. Doenças e Pragas.

A árvore Paulownia apresenta poucas doenças. As principais doenças da Paulownia são os micoplasmas, que acometem toda a planta (folhas, galhos, troncos, flores e raízes) e produzem a doença chamada “vassoura-de-bruxa”, que é disseminada pelo uso de material contaminado e pela seiva. Insetos sugadores. As grandes e nutritivas folhas da Paulownia podem ser atacadas por várias pragas. Segue os principais fungos que atacar a cultura da Paulownia, os danos causados e recomendações de controle.

Phytophthora ssp; é causada por um patógeno de solo. A elevada umidade do solo proporcionam melhores condições para a proliferação do fungo. Danos: Apodrecimento do tecido do colo da raiz. Controle: Um controle químico satisfatório desta enfermidade é obtido com pulverizações de fungicidas à base de sulfato de cobre, que podem ser utilizados em pulverizações na região do colo das plantas quinzenalmente ou mensalmente.

Armillaria (Podridão branca): é um género de fungos parasitas que vivem em árvores e arbustos lenhosos. Danos: Apodrecimento da base do tronco. os parasitas se desenvolvem ao longo do sistema radicular, os primeiros tecidos são atacados a partir da casca e se desintegram, transformando-se em uma espécie de massa fibrosa Controle: Evitar solo compacto, com drenagem ruim. Remover árvores mortas e tocos infectados.

Rhizoctonia solani. Dano: Apodrecimento do colo (limite entre o caule e a raiz), murcha e morte das partes aéreas. Controle: Fungicida PCNB 75% 8-10 gr/m2.

Fusarium sp. Dano: As folhas murcham, morrem e caem no solo. Controle:  O fungicida tebuconazole tem mostrado resultados promissores no controle de fusarium sp assim como a ação de fungos do gênero Trichoderma spp. são capazes de atuar como agentes de controle do crescimento de fungos patogênicos em várias plantas.

Sphaceloma sp e S. Paulowniae. Danos: Ataca caules, folhas e brotos, especialmente árvores jovens.Controle: Produtos cúpricos, benzimidazóis e ditiocarbamatos vêm sendo recomendados no controle à doença.

Quando necessário, consulte um técnico ou um engenheiro agrônomo ou florestal para obter ajuda técnica.

Ver também: ÁRVORE PAULOWNIA É UMA BOA OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS PARA A FAZENDA.

  1. Referências:

http://www.ca.uky.edu/

http://www2.ca.uky.edu/agcomm/pubs/for/for39/for39.htm

https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/185463/1/ct030.pdf

https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/30009/R%20-%20D%20-%20CARLOS%20ANDRE%20STUEPP.pdf?sequence=1

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