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Palma forrageira: chegou a hora de colocar no nosso cardápio

Nas regiões semiáridas a palma (Opuntia cochenillifera), cactácea forrageira e comestível, deve ser considerada como um bem valioso, especialmente como alimento humano e ração para o gado.

A FAO reuniu especialistas nesta planta da família dos cactos para reunir os seus conhecimentos numa tentativa de ajudar os agricultores e os gestores públicos a fazerem um uso mais estratégico e eficiente de um recurso natural para a alimentação que está subestimado.

Durante a recente seca intensa no sul de Madagascar, as cactáceas se tornaram um suprimento crucial de alimento, forragem e água para a população local e seus rebanhos. A mesma região havia sofrido uma severa fome como resultado do esforço para erradicar a planta, considerada por alguns como uma espécie invasora sem valor. Foi reintroduzido rapidamente.

Embora a maioria dos cactos não seja comestível, o fruto (figo da índia) e os cladódios ou raquetes das espécies do gênero Opuntia têm muito a contribuir, especialmente se forem geridas como uma cultura em vez de uma planta selvagem. Atualmente têm importância agrícola a subespécie Opuntia ficus-indica, cujos espinhos foram eliminados, mas reaparecer se a planta sofre estresse. Sua grande resistência a converte num alimento útil de última instância e parte integrante dos sistemas agrícolas e pecuários sustentáveis.

Para disseminar o conhecimento sobre gestão eficaz da palma, a FAO e o Centro Internacional para Pesquisa Agrícola em Áreas Secas (ICARDA) apresentaram “Ecologia, cultivo e usos da palma forrageira” (Crop Ecology, Cultivation and Uses of Cactus Pear), um livro com informações atualizadas sobre recursos genéticos de plantas, características fisiológicas, preferências do solo e sua vulnerabilidade a pragas. Esta nova publicação oferece também conselhos sobre como explorar as virtudes culinárias da palma, como tem sido há séculos no México e se tornou uma tradição gourmet profundamente enraizada na Sicília.

“As mudanças climáticas e a crescente ameaça de seca são razões importantes na promoção da palma ao status de cultura essencial em muitas regiões”, afirmou Hans Dreyer, diretor da Divisão de Produção Vegetal e da Divisão de Proteção da FAO.

O cultivo da palma está se espalhando lentamente, impulsionado pela crescente necessidade de plantas resilientes em face da seca, dos solos degradados e das temperaturas mais altas. Há uma longa tradição no México, onde o consumo per capita anual de nopalitos (palma picada), e as deliciosas e tenras palmas (também chamadas de cladódios ou raquetes), é de 6,4 quilogramas. As Opuntias são cultivadas e colhidas em meio natural em mais de 3 milhões de hectares, e cada vez mais produzidos por técnicas de irrigação por gotejamento em pequenas granjas como cultura principal ou suplementar. Hoje, o Brasil abriga mais de 500.000 hectares de plantações de palma para o fornecimento de forragem. A planta também é comumente encontrada em fazendas no norte da África, e a região de Tigray, na Etiópia, onde há cerca de 360.000 hectares, dos quais a metade é cultivada.

Potencial como alimento e forragem

A capacidade da palma de sobreviver em climas áridos e secos faz dela um elemento chave para a segurança alimentar. Além de fornecer alimentos, a palma armazena água em suas raquetes, tornando-se um “poço” botânico capaz de fornecer até 180 toneladas de água por hectare, o suficiente para manter cinco vacas adultas, o que representa um aumento substancial em relação à produtividade típica dos pastos. Em tempos de seca, a taxa de sobrevivência do gado é muito maior em fazendas com plantações de palma.

A pressão esperada sobre os recursos hídricos no futuro torna a palma “uma das culturas mais importantes para o século 21”, diz Ali Nefzaoui, pesquisador baseado na Tunísia do ICARDA.

Na região nordeste do Brasil, embora com pouca difusão, a palma já é experimentalmente utilizada para fazer bolo, sanduíche, torta, suco com hortelã e abacaxi, ensopado, omelete, refogado, bolinhos com carne moída ou frango, panqueca e pizza de palma.

Estudos sobre os componentes nutricionais da palma forrageira indicam se tratar de um vegetal mais nutritivo do que os comumente encontrados na culinária vegetariana, como a couve, a beterraba e a banana, com a vantagem de ter baixo custo, sem pesar no orçamento das populações mais carentes. Vale reforçar que em países como o México, Estados Unidos e Japão este vegetal é um alimento nobre, tradicionalmente servido em restaurantes e hotéis de luxo, em preparos como sucos, saladas, pratos guisados, cozidos e doces.

Os diversos micronutrientes contidos neste vegetal (incluindo uma grande quantidade de vitamina A, do complexo B e C, e minerais, como o ferro, cálcio, potássio e outros), de acordo com a professora da Universidade Federal da Paraíba e engenheira de alimentos, Aline Pedrosa Sales, “ajudam a evitar a cegueira noturna nos recém-nascidos, além de colaborar para o crescimento das crianças. Ao alimentá-las desde cedo com a palma, é observada uma melhora na saúde geral por se tratar de uma excelente fonte de nutrientes essenciais”.

ver também: ÁRVORE IDEAL PARA RECUPERAÇÃO DO SEMIÁRIDO.

Referências:

http://www.fao.org/news/story/es/item/1070263/icode/

http://equipechapadadiamantina.blogspot.com/2011/11/palma-e-sua-utilidade-na-culinaria.html

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