cultivo de pastagens

Cultivo de pastagens não é muito exigente em tratos especiais

O cultivo de pastagens não é muito exigente em tratos especiais, mas deve-se fazer o recomendado para assegurar uma boa germinação e um desenvolvimento mais uniforme possível dos pastos para facilitar os trabalhos e evitar que as cortadeiras e colheitadeiras incorporem fragmentos do solo quando da colheita.

Preparo do solo.

Após escolher a forrageira vem a etapa do solo que deve ser bem preparado para receber a semente de pastagem. O solo deve ser protegido contra erosão. A primeira movimentação do solo pode ser feita com arado ou grade aradora, incorporando todo material vegetal existente na superfície para retirada da vegetação indesejada. Com uma grade niveladora, faz-se o destorroamento do solo, nivelamento da superfície e eliminação de eventuais invasoras. Quase sempre, duas passadas da grade niveladora são suficientes. Deve-se também controlar as pragas por ventura existentes.

É importante esperar que o material vegetal incorporado ao solo pela aração apodreça antes do plantio para evitar o apodrecimento das sementes devido aos efeitos da fermentação desse material.

Outro fator que se deve levar em consideração no cultivo de pastagens são os herbicidas usados em culturas plantadas anteriormente. Em algumas áreas há vestígios de herbicidas, o que faz com que a pastagem se desenvolva mal, apresentando falhas. Isso deve ser reduzido fazendo-se uma gradagem um pouco mais profunda, contanto que misture mais o solo para permitir eliminar das camadas mais superficiais os possíveis resíduos de herbicidas. É importante nestes casos considerar: o uso de herbicidas residuais ou em altas doses; anos com poucas chuvas durante o cultivo da cultura remanescente quando o herbicida permanece nas camadas mais superficiais; e plantações de espécies forrageiras mais sensíveis aos herbicidas utilizados.

 

Adubação e calagem.

O cultivo de pastagens deve ser iniciado com a coleta das amostras do solo para ser feita a análise de fertilidade para determinar as necessidades de corretivos e fertilizantes. Os resultados devem ser apresentados a um técnico para fazer as recomendações de calagem e adubação considerando a espécie da pastagem a ser formada.

cultivo de pastagens

Com os resultados da análise do solo, se for recomendado, é feita a aplicação do calcário entre 60 a 90 dias antes da semeadura para que tenha tempo de reagir e ser feita a sua incorporação. Para quantidades elevadas, acima de 3 ton/ha, recomenda-se dividir a aplicação em duas: a primeira metade antes da aração e, a outra metade, após a primeira gradagem.

A correção da acidez do solo é importante para assegurar um bom estabelecimento do pasto e um bom aproveitamento dos fertilizantes aportados. Isto é primordial especialmente no caso de implantação de leguminosas.

Nitrogênio: Deve-se fazer a aplicação de N em forma mineral ou com esterco de curral.

Fósforo: O fósforo melhora o desenvolvimento inicial

Adubação de fósforo de acordo com os níveis de fertilidade do solo.

Nível de fertilidade do solo 0 – 10 10 – 25 25-40 40-70 > 70
kg / ha de P2O5 140 120 100 80 0

Potássio: Adubação de fundação de potássio com base em níveis de fertilidade do solo.

Nível de fertilidade do solo 0-60 60-125 125-300 300-500 >500
Kg / ha K2O 300 225 150 752 0

A aplicação do fertilizante a lanço deve ser feita antes da primeira gradagem niveladora, ou entre a primeira e a segunda, para que ocorra uma boa incorporação do fertilizante.

Os fertilizantes a base de Nitrogênio e Potássio (cloreto de potássio, uréia e sulfato de amônia), não podem ser misturados com as sementes porque causam sua morte. Por outro lado, os fertilizantes a base de Fósforo como superfosfato simples granulado pode ser misturado, desde que o plantio ocorra no mesmo dia em que a mistura foi preparada.

Plantio de pastagens.

No cultivo de pastagens a melhor época de plantio é quando as chuvas passam a ocorrer com maior frequência (novembro a janeiro no Brasil Central). Em áreas queimadas, no entanto, o plantio deve ser feito sobre as cinzas, quer dizer, antes da ocorrência das primeiras chuvas.

É importante que sejam utilizadas sementes certificadas, já que estas seguem os padrões determinados pelo Ministério da Agricultura e traz na embalagem informações sobre o valor cultural, taxa de germinação e % de pureza.

Alguns equipamentos usados para plantio (principalmente as esparramadeiras de calcário) não permitem regulagens para quantidades inferiores a 7 kg – 8 kg de sementes por hectare. Se for necessário plantar quantidades menores que estas, areia, fosfato de rocha, calcário, esterco seco e moído, pó-de-serra, ou casca de arroz, podem ser misturados às sementes para aumentar o volume a ser plantado.

No cultivo de pastagens durante a semeadura devemos eliminar as ervas daninhas existentes, ou em ato subsequente através de uma capina de limpeza.

Se a forrageira escolhida for a Brachiaria brizantha,  (Brizantão, Braquiarão) tem como principais características resistência às cigarrinhas-das-pastagens, alta produção de forragem, persistência, boa capacidade de rebrota, tolerância ao frio, à seca e ao fogo. Exige solos bem drenados, de média a alta fertilidade onde produz de 8 a 20 toneledas de matéria seca por hectare, por ano. É indicada para bovinos de cria, recria e engorda. Também é bem aceita por bubalinos, ovinos e caprinos. Aceita o pastejo rotacionado, produção de feno e silagem.

A quantidade de sementes varia acordo com a espécie a ser semeada. Para a formação de 1 hectare de B. brizantha cv Xaraés são necessários 12 kg de sementes com 35% VC (valor cultural), 10 kg de sementes incrustadas VC 75% ou 5 kg de sementes com 80% VC, após a distribuição é necessário fazer a incorporação das sementes com rolo compactador ou grade niveladora totalmente fechada. Como referência a taxa de semeadura mínima (Kg/ha de SPV – Semente Puras Viáveis) para algumas gramíneas forrageiras de acordo com a cultivar a quantidade de sementes por ha é: Piatã, 4,00; Marandú, MG-4, Xaraés e Decumbens, 2,80; Humidícola e Llanero, 2,50; Mombaça, Tanzânia, Aruana e Massai, 1,80.

No cultivo de pastagens não é conveniente plantar quantidade de sementes muito elevadas, pois, embora o pasto seja muito mais bonito no início, poderá trazer problemas durante a colheita. Tal como acontece com o milho, se for demeado em alta densidade, as hastes serão mais finas, tenderão muito mais para a cama e dificultando a aeração e amarelando na parte inferior, reduzindo a quantidade e a qualidade da forragem.

De outra parte, o insucesso do plantio poderá ser atribuído a quantidade insuficiente de semente. Nestes casos a boa regulagem do equipamento de plantio é uma forma de garantir que a quantidade certa de sementes seja plantada.

A profundidade do plantio varia um pouco de acordo com a espécie plantada, mas na grande maioria das espécies de capim é entre 1 e 2 cm e não se deve plantar com mais de 2 cm, pois a germinação seria reduzida de forma significativa. Sementes miúdas como as dos Capins Colonião, Aruana, Massai e Estilosantes Campo Grande Tanzânia, Mombaça, Andropógon e Setária devem ser enterradas, no máximo, a 2 cm de profundidade, enquanto que as de Marandú, Brizanthão (braquiarão), Decumbens, Piatã, MG-4, Xaraés (MG-5) e Hunidícola a não mais de 4 cm, já as cultivares Humidícola (quicuio) e Llanero (dictyoneura) devem ficar entre 2 e 4 cm. Dependendo do caso, no cultivo de pastagens as sementes podem ser plantadas a lanço, em sulcos ou plantio direto. As sementes devem ser cobertas pelo solo após a sua distribuição na área. As semeadoras em linha e as “matracas” fazem isto automaticamente.

Na semeadura a lanço, as sementes são depositadas sobre a superfície do solo e precisam ser logo enterradas. Isso pode ser feito com rolo compactador, de ferro de preferência estriado ou de um ou mais conjuntos de pneus lisos, que podem ser construídos na própria fazenda, para solos de textura média a arenosa. Para solos de textura média a argilosa as sementes podem ser enterradas com grade niveladora leve, totalmente fechada, isto é, regulada de forma que os discos fiquem paralelos à direção de avanço do equipamento, para que não enterrem muito as sementes.

Manejo no cultivo de pastagens.

O primeiro pastejo, quando feito de modo correto, garante o sucesso de uma formação bem iniciada. Ele deve ser feito logo que as plantas estiverem crescidas e cobrindo toda a área plantada. Neste caso, é melhor utilizar animais leves, jovens, para fazer apenas um desponte das plantas, alta taxa de lotação por um curto período de tempo. Nesta fase, se forem utilizados animais pesados, as plantas poderão ser arrancadas durante o pastejo.

Se o primeiro pastejo for feito bem mais tarde, muitas plantas morrerão por causa da competição entre elas. Isso aumenta os espaços vazios na pastagem, diminui a produção de capim e facilita o crescimento de ervas daninhas. Além de perder drasticamente a qualidade da forragem quando o capim emite suas sementes.

A partir do primeiro pastejo, à medida em que as plantas se reestabelecerem, a pastagem pode passar a ser utilizada normalmente. O primeiro pastejo deve ser feito quando a planta atingir mais ou menos 80% da altura recomendada, entre 40 e 70 dias, após a germinação da pastagem recém-formada, dependendo das condições de temperatura e precipitação.

O sucesso de um bom cultivo de pastagens depende da escolha certa da espécie forrageira, de uma adequada utilização, de usar sementes de boa qualidade, ser bem semeada e na quantidade certa, o que varia de uma espécie para outra. Tudo isso e um manejo adequado assegura ao produtor retorno econômico e longevidade da pastagem.

Veja também: Forragem Hidropônica: 3.000 Kg por dia em apenas 248 m2.

Referências:

http://www.groinformacion.com/apuntes-tecnicos-forrajeras-sie

https://www.embrapa.br/busca-de-produtos-processos-e-servicos/-/produto-servico/863/brachiaria-brizanthacv-marandu

 

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