O consumo de carne de porco, pão e ovos são destaque em algumas das inúmeras lendas urbanas carentes de base científica que existem sobre alimentação e saúde. Nenhum alimento engorda ou emagrece em si. O que provoca que aumentemos de peso é consumir mais calorias do que você gasta.
Cada dia mais, muitas vezes a sociedade está se conscientizando da importância da dieta junto com a atividade física, para promover um estilo de vida saudável. Mas, por vezes, este exercício de soberania pessoal se tem construído ao custo de estigmatizar determinados alimentos, bebidas ou nutrientes de maneira injustificada.
A ascensão da Internet como fonte de informação para aqueles que procuram dietas milagrosas para perda de peso ou interessados nos benefícios de determinados alimentos levou a numerosas lendas urbanas sobre os alimentos certos, bebidas, nutrientes ou estilo de vida, sem uma base científica sólida.
Questões como que se a carne aumenta o colesterol se há um limite de consumo de ovos ou se a cerveja é a causa da barriga de cerveja são exemplos de mitos comumente difundidos, ao contrário de vários especialistas e nutricionistas.
Carne magra de porco formando parte da nossa dieta.
O porco como uma parte essencial da dieta mediterrânea é normalmente apontado como um daqueles diretamente responsáveis pelo aumento do colesterol na população. No entanto, poucos sabem que a recomendação dos especialistas sobre o consumo de carne suína é de dois pedaços de carne magra por semana no contexto de uma dieta equilibrada. “A realidade é que a carne de porco e seus derivados são uma fonte essencial de proteínas-chave para uma dieta equilibrada e saudável”, explica o diretor da Unidade de Nutrição da IFLA – Federação Espanhola das Indústrias da Alimentação e Bebidas. Além disso, diz ele, “o perfil lipídico da carne de porco é semelhante ao que contém o azeite de oliva e, portanto, contém gordura monoinsaturada saudável para o coração.”
Neste sentido, estas proteínas são essenciais para o desenvolvimento dos ossos de crianças e manutenção da massa muscular em adultos. Outras propriedades que contem a carne de porco residem no seu grande volume de nutrientes: fósforo, zinco, ferro de fácil assimilação e vitaminas B1, B3, B6 e B12 são alguns dos componentes normalmente encontrados em diferentes cortes magros com que o produto é apresentado ao consumidor. Estes micronutrientes ajudam no funcionamento do sistema imunológico, no desenvolvimento cognitivo de crianças e no normal funcionamento do coração.
O motivo porque erroneamente se tem associado a carne de porco com o aumento do colesterol reside no pressuposto de alto percentual de gorduras saturadas que são atribuídos a este produto. No entanto, a carne magra de porco não tem qualquer responsabilidade no aumento do colesterol, pois contém gordura monoinsaturada como com alguns cortes como lombo de porco, que ajudam a manter os níveis normais de colesterol. “Carne de porco tem peças que são magras como o resto dos animais. Há que distinguir as carnes magras das gordas e isso tem muito a ver com a peça e a idade do animal. É recomendado sempre o consumo de carne magra, por tanto as partes como os lombos.
Comer a quantidade de pão recomendada.
Também há muitas pessoas que decidem retirar o pão da sua dieta diária para manter os quilos à distância, uma decisão que é causada, principalmente, pela falsa crença de que o pão é um alimento que engorda por si mesmo. O consumo de pão recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), varia entre 220 e 250 gramas diárias.
“Nenhum alimento engorda ou emagrece por se mesmo e o pão não é exceção. O que nos faz para aumentar o peso é consumir mais calorias do que você gasta”, diz Carolina Muro da IFLA – Federação Espanhola das Indústrias da Alimentação e Bebidas, que salienta a importância do pão em uma dieta equilibrada e variada. “O pão deve ser parte de nossas vidas e é um produto indispensável em uma dieta equilibrada e variada”. Ao contrário do que muita gente pensa, embora a crosta e miolo são partes de um mesmo alimento e contém os mesmos nutrientes, em igualdade de peso a casca tem mais calorias porque no processo de cozimento perde água enquanto o miolo a conserva.
E é que, mesmo quando queremos perder peso, os especialistas insistem que não é necessário remover o pão da dieta diária. “A maneira mais saudável de perder peso é com uma dieta hipocalórica, variada e equilibrada com quantidades adequadas de proteínas, carboidratos e gorduras, reduzindo as quantidades, porém mantendo as proporções e acompanhado de atividade física”, afirma a especialista. Acrescenta, “o pão, especialmente o integral contém uma quantidade significativa de fibras, o que tem um efeito de saciedade, ao mesmo tempo reduz a absorção de gordura.
Os ovos são essenciais para uma dieta equilibrada.
É familiar a crença de que devemos consumir no máximo três ovos por semana para evitar o aumento do colesterol? Este é um dos falsos mitos mais arraigados entre a população e que a partir do campo científico nega terminantemente, ao afirmar que mesmo comendo um ovo a cada dia, não aumenta o risco cardiovascular, diz Carolina Muro diretora de Nutrição da IFLA.
O mito de que o ovo aumenta o colesterol vem da crença surgida nos anos 70 em que os EUA argumentaram que a ingestão de ovos poderia aumentar o risco cardiovascular, aumentando os níveis de colesterol no sangue. “Os ovos fornecem muitos nutrientes e outros compostos, tais como os fosfolipídios, incluindo a lecitina, o que ajuda a reduzir a absorção intestinal de colesterol reduzindo assim o risco de doenças cardiovasculares,” diz Carolina Muro. Outra lenda difundida é que há diferenças nutricionais entre os ovos brancos e marrons. No entanto, a diferença de cor é determinada apenas pela raça da galinha e não tem nada a ver com a sua qualidade, sabor e valor nutricional.
Nenhum alimento engorda ou emagrece em si mesmo. O que faz que aumentemos de peso é consumir mais calorias do que gastamos. Não há alimentos bons ou maus, e sim alimentação equilibrada ou desequilibrada. Assim, é necessário manter uma dieta equilibrada, variada e moderada, o que deve ser acompanhada da necessária atividade física diária, com a finalidade de assegurar o equilíbrio entre ingestão e gasto, conhecido como balanço energético.
Ver também: FRUTAS E VERDURAS NA ALIMENTAÇÃO AUMENTA A FELICIDADE.
Referências:
IFLA – Federação Espanhola das Indústrias da Alimentação e Bebidas.
CHIL.ORG