No projeto da Transposição do Rio São Francisco a previsão da chegada das águas ao sertão nordestino era em 2010, mas só agora em 2017 está chegando. Campina Grande, a maior cidade do interior do Nordeste e o Compartimento da Borborema foram exemplos de dificuldades com a falta de água para o consumo humano e outros usos, convivendo durante anos com um racionamento imposto no abastecimento de água de até 4 dias por semana.
Os obstáculos criados para execução do projeto foram vários a exemplo da política contrária as obras realizadas por alguns setores que por motivações diversas, trabalharam contra o projeto de Transposição do Rio São Francisco, juntamente com a inépcia gerencial das obras pelo Governo Federal. Associe-se a isso as campanhas contrárias ao projeto desencadeadas por movimentos ambientalistas, embora os estudos de impacto ambiental comprovavam que não haveria qualquer influência prejudicial ao meio ambiente na bacia do Rio São Francisco.
As questões de ordem técnicas foram certamente todas contornadas, pois em matéria de engenharia, o Projeto de Transposição do Rio São Francisco representa uma grande obra da engenharia brasileira, exaustivamente divulgada e discutida pela comunidade técnica e pela população.
Foram muitas dificuldades a serem ultrapassadas para as águas do São Francisco chegarem aos estados do Nordeste Setentrional. São reconhecidamente valiosos os benefícios para a sustentabilidade da população e da economia dos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
A água da transposição representará um grande benefício social garantindo prioritariamente o abastecimento para o consumo humano e animal das cidades e do campo. O anúncio do uso da água para irrigação requererá muita cautela e responsabilidade dos gestores e acompanhamento da sociedade, primeiramente pela quantidade e segundo pela viabilidade econômica e financeira do seu uso.
Para vencer o relevo da região, as águas desviadas do Rio São Francisco terão de ser bombeadas até uma altura de 300 metros. O trabalho consumirá muita energia elétrica e esse custo sendo repassado à tarifa de água, esta ficará entre as mais caras do País.
Apenas para o bombeamento no eixo este, entre a tomada da água do São Francisco, no município de Floresta (PE), até a divisa com o a Paraíba. Nesse percurso, são cinco estações de bombeamento, para elevar as águas morro acima para transpor a barreira geográfica entre as bacias hidrográficas.
Quando o projeto estiver em pleno funcionamento, existirão os custos variáveis, formados basicamente pelo custo da energia consumida, e os custos fixos, representados pelos custos administrativos operacionais, custos de depreciação e de juros. Os custos fixos existirão independentemente do volume de água transposta, mesmo que o projeto não opere, significa um subsídio que a sociedade irá pagar através de taxas e impostos.
A água efetivamente terá um custo que deverá ser rateado entre os governos federal e estaduais e os consumidores finais. Se a água for para o abastecimento humano, principal argumento do projeto, se justificará um subsídio dos governos estaduais e federal a ser arcado pela sociedade.
De outra parte se a água for utilizada na atividade econômica a exemplo da irrigação, a população em geral não deverá participar dessa conta, o que requererá uma tarifa a ser paga pelos usuários autorizados. Isso certamente merecerá uma análise para verificação da viabilidade econômica e financeira do uso para irrigação com a utilização das águas da Transposição do Rio são Francisco. Certamente dificultará a viabilização de um fluxo de caixa positivo comparado com o uso de águas menos dispendiosas disponíveis em outras fontes.
Alberto Sérgio de Carvalho Onofre
Engenheiro Agrônomo
Muita boa sua descrição do assunto que merece um estudo detalhado desses custos. Tão importantes quanto aos assuntos levantados, é a questão do uso racional da água, se utilizando os métodos modernos e econômicos de irrigação. Infelizmente não temos conhecimento de nenhum estudo feito aqui no estado de como capacitar os irrigantes de pelo menos 16.000 ha, só no entorno do canal Acauã;- Araçagi – Verdadeiro absurdo, colocar água na mão de pessoas despreparadas. Nesse caso, a seca seria menos danosa, porque não lavava o solo e nem degradava.