A produção de mel de abelhas sem ferrão é uma exploração agropecuária considerada de grande utilidade. Usualmente é adotada pelas famílias dos os agricultores no Nordeste brasileiro voltada para manter uma atividade alimentar e produtiva durante todo o ano, proporcionando também uma melhor convivência nas estações de escassez de recursos hídricos.
Estão aqui apresentados os benefícios esperados; as características técnicas da atividade; as condições do estabelecimento familiar, e as principais orientações técnicas para a serem adotadas pelos agricultores.
1. BENEFÍCIOS ESPERADOS.
A criação de abelhas, além da produção de mel, garantindo a segurança alimentar e terapêutica, possibilita a melhoria da renda das famílias, além de contribui para a polinização das plantas, melhorando a produtividade das culturas, contribuindo para a sustentabilidade ambiental.
2. CONDIÇÕES PARA INSTALAÇÃO DO MELIPONÁRIO
No estabelecimento familiar o local de instalação do meliponário, deve ser limpo, sombreado, protegido de vento e de fácil acesso, em espaço adequado, localizado próximo ás floradas. É importante que haja disponibilidade de água nas proximidades.
3. IMPLANTAÇÃO DO MELIPONÁRIO E EQUIPAMENTOS.
O projeto proposto a ser instalado em cada unidade familiar como opção para Produção de Mel de Abelhas Sem Ferrão, consta da construção de um meliponário para 20 colmeias nas dimensões 2,5 m x 3,0 m = 7,5m².
Dimensões do meliponário:
As colmeias devem ser instaladas a uma altura aproximada de 0,5 metro do chão, em cavaletes ou prateleiras individuais. A distância entre as caixas deve ser de 0,5 metro.
4. MANEJO DA PRODUÇÃO DE MEL COM ABELHAS SEM FERRÃO.
A tecnologia Produção de Mel com Abelha sem Ferrão é de fácil manejo, dispensando o emprego de equipamentos específicos para extração do mel, como furmigador, roupas especiais, botas, pois essas abelhas não possuem ferrão e são muito mansas. É recomendado usar máscaras e luvas no ato da coleta.
Destacam-se duas espécies de abelhas sem ferrão a Melípona Subnitida e Melípona Scutelaris, popularmente conhecidas por Jandaira e Uruçu nordestina.
5. ALIMENTAÇÃO SUPLEMENTAR DAS ABELHAS.
As abelhas em bom estado nutricional aumentam sua produção de mel e geleia real, melhoram seu estado de saúde e apresentam maior desenvolvimento da ninhada. Assim, o uso de um suplemento alimentar adequado aumentará diretamente a produtividade de um apiário.
As abelhas necessitam de reservas de alimento suficientes para atender a sua própria alimentação e das crias em desenvolvimento. Em épocas de escassez de néctar e pólen, é comum os meliponicultores perderem seus enxames que, enfraquecidos em razão da fome, migram à procura de condições melhores. Em geral, nos períodos secos falta alimento no campo.
Um dos alimentos energéticos mais usuais é o xarope de água e açúcar, cujo ingredientes são água e açúcar na mesma quantidade (1kg de açúcar para 1litro de água). Colocar a água em uma panela e levar ao fogo. Quando iniciar a fervura, acrescentar o açúcar e mexer bem até dissolver. Deixar esfriar e fornecer para as colônias em quantidade que seja consumida em até 24 horas. Em geral, as colmeias consomem 0,5 litros de xarope nesse período de tempo.
6. CUIDADO COM INIMIGOS NATURAIS.
Os principais inimigos naturais das abelhas-sem-ferrão são os forídeos, diversas espécies de formigas e a mosca Hermetia illucens (Diptera, Stratiomyidae). O ataque de outras espécies de abelhas também é muito prejudicial. É necessário, ainda, tomar cuidado com ataque de aranhas, lagartixas, pássaros, pequenos mamíferos, sapos, entre outros.
Os forídeos são moscas e é um dos principais inimigos naturais das abelhas sem ferrão. As fêmeas entram nas colônias atraídas pelo odor do pólen e depositam seus ovos. Sua infestação pode até chegar a destruir uma colmeia.
Um bom manejo é a melhor forma de evitar ataques das moscas forídeos. Deve-se manter as frestas das caixas vedadas, impedindo a invasão e a infestação por forídeos.
Caso ocorra a infestação, uma das maneiras de controlar os forídeos é por meio da instalação de armadilhas de vinagre de maça nas colônias. Para confeccionar a armadilha, basta pegar uma pequena garrafa de plástico que caiba na caixa, enchê-lo com vinagre até a metade, tampá-lo, fazer furinhos na tampa e na lateral superior até o nível do vinagre e introduzi-lo na caixa.
Os furos devem ser do diâmetro suficiente para a entrada dos forídeos, mas pequenos o suficiente para não permitir a entrada das abelhas. Aconselha-se que as armadilhas sejam colocadas nas melgueiras, assim podem ser monitoradas durante o manejo de alimentação.
Os forídeos são atraídos pelo cheiro ácido do vinagre, semelhante ao gerado pelo pólen exposto. Os forídeos entram pelos furinhos, caem no vinagre e morrem afogados. Em cada inspeção, é importante que o vinagre seja trocado, até que não apresente mais forídeos capturados.
Ver também: MEL DE ABELHA: PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DESTE SUPERALIMENTO.
REFERÊNCIAS:
PROJETO COOPERAR – Cartilha das Tecnologias Sustentáveis de Convivência com o Semiárido.
EMPRAPA – Criação de Abelhas sem Ferrão.
SENAR – Abelhas – Instalação do Apiário.
SENAR – Manejo de Apiário para Produção de Mel.