Caprinos e ovinos

CRIAÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS

A criação de caprinos e ovinos é uma exploração agropecuária considerada viável a ser adotada especialmente nas regiões semiáridas. É voltada para manter uma atividade produtiva durante o ano inteiro, proporcionando melhores resistências nas estações de escassez de recursos hídricos.

Estão aqui apresentados os benefícios esperados; as características técnicas; as condições do estabelecimento agrícola, e as orientações técnicas para a compreensão e adoção dessa tecnologia pelos agricultores.

1. BENEFÍCIOS ESPERADOS

Um sistema de criação de caprinos e ovinos sustentável prevê a introdução de culturas arbóreas e arbustivas combinadas de maneira a explorar cultivos agrícolas e/ou animais em uma mesma área, e ao mesmo tempo diversificar a produção, melhorar as condições de segurança alimentar, ocupar a mão de obra, gerar renda, proteger o solo e a água. Tal procedimento ainda trará:

  • Melhoria na produtividade forrageira;
  • Conforto animal;
  • Aumento da oferta de alimentos no mercado;
  • Manutenção do rebanho durante todo o ano.
2. INSTALAÇÃO DE APRISCO

É recomendado a instalação de um abrigo (aprisco) para proteção e melhor controle dos animais. O local para instalação do aprisco deve ser seco, com boa insolação e limpo, compreendendo o corte de árvores e arbustos, o roço, a remoção de tocos, raízes e galhos.

As condições de vento devem ser observadas para que não haja problemas com mau cheiro direto nas residências. Quanto mais perto da área de manejo, melhor, menos tempo irá gastar no trato dos animais.

3. MANEJO DOS REPRODUTORES E MATRIZES

3.1. Descarte orientado de caprinos e ovinos.

Essa prática deve ser realizada anualmente, principalmente, depois de cada estação reprodutiva. Serão descartados caprinos e ovinos que não produzam ou que apresentem problemas físicos e de saúde. Tal procedimento é importante para organizar as atividades, pois permite melhorar a produtividade do rebanho e melhorar a qualidade dos produtos.

3.2. Escolha do reprodutor.

O reprodutor é muito importante para que as crias sejam saudáveis e portadoras de características reprodutivas e produtivas do rebanho. Fatores a serem observados na escolha de um reprodutor:

  • Conhecer a origem do animal, a produção dos pais, no caso de um reprodutor já adulto, recomenda-se procurar informações sobre suas crias anteriores;
  • Identificar a raça para produção de carne ou leite;
  • O reprodutor deve apresentar aspectos masculinos, ou seja, pescoço e ombros largos e fortes, barbicha e comportamento de dominante;
  • O animal deve apresentar interesse sexual pelas fêmeas;
  • Precisa ser sadio, em condições de acasalar e não apresentar sinais de doenças que possam ser transmitidas na cobertura, deve possuir testículos normais, ou seja, de tamanho igual, de consistência firme e não apresentar lesões no pênis;
  • Observados pela palpação na região do prepúcio; os cascos e pernas devem estar sadios.

3.3. Escolha das matrizes.

A fêmea deve apresentar características de boa matriz, ou seja, ser fértil e gerar crias saudáveis, além de produzir leite suficiente para alimentá-las.

Fatores a serem observados na escolha de uma matriz:

  • Padrão racial definido da raça desejada;
  • Aspecto feminino;
  • Bom desenvolvimento corporal;
  • Ausência de doenças ou defeitos físicos;
  • Boa produção de leite para alimentar as crias;
  • Prenhez e partos normais;
  • Boa capacidade para criar;
  • Cascos e pernas sadios;
  • Fertilidade satisfatória (ser fecundada a cada cobertura);
  • Bom número de crias, de acordo com a raça (número de crias por parto);
  • Uma boa matriz deve ser tranquila e ser dócil durante o manejo.

3.4 Relação macho x fêmea.

A reprodução satisfatória dos rebanhos depende das matrizes e, principalmente, dos reprodutores. Portanto, deve-se manter a quantidade adequada de fêmeas para cada macho. Essa quantidade é de 30 fêmeas por macho.

4. CUIDADOS SANITÁRIO

O manejo sanitário é realizado para manter a saúde dos animais, controlando e prevenindo as doenças, tornando os rebanhos mais sadios e mais produtivos. Observar as recomendações a seguir.

4.1 Higienização das instalações.

  • Efetuar a limpeza dos chiqueiros e apriscos;
  • Efetuar a limpeza diárias dos bebedouros e comedouros e desinfestação mensalmente das instalações.

4.2. Vacinação.

As vacinas devem ser aplicadas para evitar as doenças nos rebanhos existentes na região.

Para estabelecer um calendário de vacinações, consulte o veterinário ou o técnico que preste assistência aos criadores, pois apenas eles podem indicar as vacinas a serem usadas por um rebanho na região.

As seguintes vacinas podem ser usadas:

  • Vacina contra a raiva (antirrábica): a vacinação é anual, a partir de 4 meses de idade e apenas em rebanhos já afetados ou em regiões, frequentemente, atingidas pela doença;
  • Vacina contra carbúnculo sintomático, enterotoxemia e botulismo: apenas em regiões onde existe risco dessas doenças;
  • Outras doenças para as quais existem vacinas são: boqueira, cegueira, podridão dos cascos e doença da urina do rato.

4.3. Vermifugação.

A vermifugação consiste na aplicação de vermífugos (anti-helmínticos) para o controle da verminose no rebanho.

Siga estas recomendações:

  • Primeira vermifugação – Vermifugue todo o rebanho no primeiro mês do período seco ou quando as pastagens estão secas (final de junho ou julho).
  • Segunda vermifugação – Vermifugue 60 dias após a primeira vermifugação (final de agosto ou setembro).
  • Terceira vermifugação – Vermifugue no penúltimo mês do período seco (final de novembro).
  • Quarta vermifugação – Vermifugue em meados da estação chuvosa (março).

4.4. Controle da verminose.

Para o controle das verminoses deverão ser observados os seguintes os procedimentos:

  • Faça a limpeza das instalações, colocando o esterco nas esterqueiras.
  • Mantenha cochos de água e alimentos sempre limpos e fora da baia.
  • Forneça água e alimentos de boa qualidade.
  • Após a vermifugação, os animais devem permanecer presos no chiqueiro ou no aprisco por, pelo menos, 12 horas (faça as vermifugações sempre no final da tarde).
  • Vermifugue os cabritos e cordeiros após a terceira semana de pastejo.
  • Separe os animais jovens dos adultos, tanto na baia como no piquete.
  • Vermifugue as fêmeas 30 dias antes do parto.
  • Vermifugue todo animal comprado, antes de juntá-lo ao rebanho.
  • Evite a superlotação das pastagens.
  • Faça rodízio de piquetes.
  • Troque o vermífugo somente a cada ano para evitar a resistência dos vermes.

4.5. Casqueamento.

Efetuar o corte do casco (casqueamento) dos animais 2 vezes ao ano, no início e final do verão.

4.6. Controle de parasitos externos (ectoparasitos).

Os parasitos externos que podem ser encontrados em caprinos e os ovinos são os piolhos, a sarna e, com menor frequência, os carrapatos.

5. PASTOS E FORRAGENS PARA ALIMENTAÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS

Animal bem alimentado, além de produzir mais, está menos sujeito às doenças. Sendo assim, deve-se cuidar bem da alimentação dos caprinos e ovinos

A produção de forragem é muito importante nos sistemas de produção de caprinos e ovinos, principalmente nas regiões semiáridas, devido ao prolongado período de seca que costuma castigar essas regiões.

A seguir, algumas recomendações para manter o rebanho adequadamente alimentado.

5.1. Formação de pastagem cultivada.

Nas pastagens cultivadas para pisoteio podem ser usadas as seguintes gramíneas:

O capim-búfel, capim-gramão, capim-andropogon e o capim corrente (urocloa). São boas opções para a formação de pastagens cultivadas, particularmente nas zonas semiáridas onde as chuvas são menos frequentes.

5.2. Formação de banco de proteínas.

O banco de proteína é um cercado cultivado com leguminosa para ser usado como suplementação na alimentação dos animais, principalmente durante o período seco. Os animais devem ficar pastando no banco de proteína, cerca de 1 hora por dia. As forrageiras mais usadas em bancos de proteína são: leucena, cunhã, feijão guandu e gliricídia.

5.3. Formação de capineiras.

O capim-elefante, com várias cultivares (napier, camerom, camerom-roxo, pioneiro, anão e outras), é o capim mais utilizado no semiárido para a formação de capineiras. Os capins tobiatã, tanzânia, mombaça, o milheto, o sorgo e a cana-de-açúcar também podem ser usados para a formação de capineiras, com produções tão boas quanto as do capim elefante.

5.4. Palma forrageira.

Para muitas regiões do semiárido, uma boa recomendação é o cultivo de cactáceas, especialmente a palma forrageira. Por conter 90 % de água, a palma contribui para o suprimento de água aos animais nos períodos secos.

5.5. Restos de culturas.

Os restos culturais representam outra importante alternativa como alimentos volumosos, para os caprinos e ovinos. Os mais importantes são: palhadas e cascas de feijão, palhadas e sabugos de milho, palhadas e panículas de sorgo, folhagem e manivas de mandioca, resíduos do desfibramento do sisal e subprodutos da agroindústria (fruteiras em geral e outros resíduos).

6. TÉCNICAS DE MANEJO EM SISTEMA AGROFLORESTAL

Com a finalidade da adoção de técnica de enriquecimento da caatinga para pastejo animal, visando elevar a o ganho de peso vivo /ha ano por meio do incremento da produção de massa verde nas áreas de pastejo dos animais na caatinga, propõe-se a utilização de técnicas de manejo mais apropriadas para essas regiões como:

  • Rebaixamento: corte das espécies lenhosas forrageiras em 30 a 40 cm de altura;
  • Raleamento: controle da densidade de espécies lenhosas, aumenta a produtividade;
  • Enriquecimento da caatinga através da semeadura de espécies herbáceas ou lenhosas forrageiras, especialmente leucena.
7. MODELO DE APRISCO

O modelo proposto para criação de caprinos e ovinos, consta da construção de um aprisco de alvenaria e instalação de cerca telada para 10 animais nas dimensões 4,0 m x 2,0 m = 8,0 m².

Aprisco para Caprinos e Ovinos
Modelo de aprisco.

O aprisco construído em alvenaria, terá cobertura em madeira serrada e telhas de cerâmica do tipo canal. Terá um portão de ferro, com paredes revestidas com argamassa e pintadas.

Croqui para construção de aprisco para 10 animais.

Modelo de planta de aprisco.

Planta de aprisco

Ver também: CARDÁPIO FORRAGEIRO GARANTE A NUTRIÇÃO DE REBANHOS NA SECA.

REFERÊNCIAS

Governo da Paraíba – COOPERAR – PB Rural Sustentável – Cartilha das Tecnologias Sustentáveis de Convivência com o Semiárido.

EMBRAPA – Criação de caprinos e ovinos, 98 p.-  / Embrapa Informação Tecnológica; Embrapa Caprinos – ABC da Agricultura Familiar.

Um comentário em “CRIAÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS”

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