Atualmente temos assistido várias disputas envolvendo os taxistas e os motoristas autônomos do aplicativo Uber que oferece serviços de transporte privado urbano realizado em veículos particulares. O Uber foi criado nos EUA em 2009, seus serviços são semelhantes aos táxis, porém com mais conforto e facilidades o que têm agradado muitos clientes em todo o mundo, porém tem despertado protestos dos taxistas tradicionais. Essas inovações na prestação de serviços afetam as relações econômicas e sociais, inclusive na agropecuária o que certamente viabilizará em futuro próximo a criação do Uber Rural.
Uber Rural
O Uber funciona na forma de uma economia colaborativa onde a oferta e a demanda se encontram através da internet via aplicativo, visando reduzir os custos de intermediação dos serviços ou das cadeias produtivas. Essas plataformas estão se desenvolvendo rapidamente nos setores em que o consumidor percebe que o preço do produto ou serviço se encontram de alguma forma desconectado com a contrapartida recebida.
Especificamente com relação aos custos de produção das cadeias produtivas da agropecuária, além dos insumos há uma significativa parcela relacionada aos serviços que muitas vezes correspondem aos custos da intermediação através das prestadoras de serviços, atacadistas, atravessadores, muitas vezes sendo produtores rurais. A redução dos custos das mercadorias fruto da produção agropecuária, incluindo o de intermediação, tem um impacto decisivo sobre a rentabilidade e os preços a nível de consumidor.
No conceito da economia colaborativa os resultados seriam certamente mais favoráveis, com os custos de produção menores, se os produtores rurais contassem com um serviço tipo Uber Rural para realizar as atividades que demandam grandes e caras máquinas e equipamentos a exemplo do frete quando da compra de insumos; transporte da produção; preparo do solo, semeaduras, colheitas e outros serviços envolvidos no processo de produção. Da outra parte os agricultores que possuem essas máquinas, veículos e equipamentos, os utilizam em apenas algumas semanas ou meses do ano, quando então os serviços são concluídos, estes equipamentos ficam ociosos.
O Uber Rural permitiria a realização desses serviços através do aluguel de máquinas, veículos e equipamentos, de modo que um agricultor possa desfrutar de uma máquina de preço de aquisição elevado para fazer um trabalho durante um ou dois meses. Em seguida esses equipamentos poderão ser oferecidos a outros agricultores. Essa atividade de compartilhamento de máquinas já vem sendo desenvolvida com sucesso nos EUA e já tem milhares de usuários. No Brasil caminhoneiros estão se cadastrando e já começaram a operar nesse sistema através de uma empresa de logística.
Observando o que tem acontecido entre os motoristas de taxi e o Uber, é provável que os sindicatos de caminhoneiros, centrais de logística, distribuição de insumos e atacadistas reagirão a esses novos tempos, mas certamente todos terão que modernizar e reformular seus negócios. Ainda em relação a atual regulamentação dos táxis pode-se supor que foi realizada para uma determinada época, sendo para hoje um modelo desatualizado e caro para os serviços que presta. Enquanto que o Uber é uma versão diferente e compatível com a tecnologia atual e menos onerosa.
A resistência as mudanças ocorrem enquanto se sucedem os conflitos e as lutas legais. O Uber Rural possui atrativos que resultará em menores preços para um mesmo produto ou serviço. Os agricultores certamente gostariam de em combinação com a evolução da tecnologia disponível, reduzir as ligações das cadeias produtivas para aumentar a rentabilidade e levar o preço final à nível de consumidor mais próximo ao recebido pelo produtor.