amostras do solo

Produtor obterá classificação dos solos da sua propriedade no celular

Um aplicativo para dispositivos móveis permitirá que produtores rurais possam efetuar classificação dos solos de diferentes áreas de sua fazenda. Com isso, cada talhão da propriedade poderá receber destinação adequada de acordo com o tipo de solo. Uma versão teste do app estará disponível este ano e os pesquisadores estimam que, no primeiro semestre de 2020, os sistemas Android e iOS já contarão com a versão para o público.

Idealizado pela Embrapa Solos (UEP Recife, PE) em parceria com a Embrapa Informática Agropecuária (SP), o SmartSolos vai permitir que o produtor rural tenha a classificação dos solos de maneira fácil e automática. A tecnologia apresenta os resultados respondendo aos dados que o produtor insere no sistema. Após criar uma conta simples, o usuário faz, na primeira etapa, uma descrição geral de sua propriedade carregando dados e até fotos dos perfis de solo, por exemplo. Informações como data e localização geográfica são inseridas de maneira automática pelo sistema. No fim dessa fase, o produtor obterá uma classificação aproximada.

Na etapa mais detalhada, deverão ser inseridos dados obtidos com análises de laboratório como as características físicas e químicas do solo. Em breve, essa etapa será automática. Assim que disponibilizados pelo laboratório, o SmartSolos receberá automaticamente os resultados e o produtor será notificado, em seu smartphone, com a classificação definitiva do seu solo. Com todas essas informações, o SmartSolos classifica até o quarto nível do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).

A classificação dos solos é imprescindível aos produtores, pois permite estabelecer relação direta com o crescimento da planta, além de ajudar a definir áreas adequadas para construção de estradas ou aterro sanitário, entre outras funcionalidades.

Para entender melhor a importância da classificação dos solos, o pesquisador José Coelho, da Embrapa Solos, recorre a uma metáfora automobilística. “Ao pensar em um Fusca, por exemplo, o associamos a várias características, como carro redondo, econômico, sem porta-malas etc. O mesmo acontece com o solo. Com o sistema, é possível associá-lo a um pacote de informações sobre a sua química, física e mineralogia. Isso é fundamental para o correto uso, manejo e a conservação”, pontua o cientista, que participa do projeto.

Os pesquisadores Stanley Oliveira e Glauber Vaz, da Embrapa Informática Agropecuária, desenvolveram dois sistemas diferentes que atuam na tecnologia. O primeiro, chamado de “especialista”, opera segundo as regras do SiBCS e classifica o solo conforme o usuário insere as informações necessárias. Já o sistema denominado “inteligente” utiliza algoritmos de inteligência artificial para predizer uma classificação, mesmo na ausência de algumas informações.

O foco do trabalho agora é na camada de apresentação do aplicativo, que está sendo desenvolvida em parceria com uma empresa terceirizada. “É a partir dessa camada que o usuário poderá interagir e utilizar todas as funcionalidades do aplicativo SmartSolos”, revela Luís de França, da Embrapa Solos UEP Recife.

Tecnologia dinâmica

França, líder do projeto, informa que o SmartSolos foi projetado para ser uma tecnologia dinâmica, com capacidade de evoluir com o tempo e se adaptar a novas funcionalidades.

Outra evolução prevista é a utilização das informações para atualizar bancos como a biblioteca de solos (Soloteca) e outros utilizados em pesquisas científicas. “Há um enorme potencial para integração em várias iniciativas de pesquisa”, acredita França.

A expectativa dos pesquisadores é que o aplicativo não seja apenas um classificador de solos, mas um agregador que reúna em uma mesma plataforma vários aplicativos a serem desenvolvidos ou adaptados para dispositivos móveis. O SmartSolos deverá ser capaz de adaptar a informação de solos não apenas às tecnologias atuais, mas também às tecnologias emergentes (impressão 3D, realidade virtual, novas interações com o Big Data etc).

O aplicativo deverá apresentar múltiplas interfaces a fim de fornecer informações úteis de forma acessível para públicos diferenciados como agricultores, estudantes, técnicos, professores e pesquisadores.

França lembra que, há poucos anos, não existiam aplicativos sobre a terra no Brasil. “Hoje, já há um bom número de apps e a tendência é de crescimento. Boa parte desses produtos tem como foco a interpretação de análise de solos e recomendação de corretivos e fertilizantes (Nutrisolo, Solo Certo, Solum, etc.), ou a visualização de mapas específicos, classificação textural, etc.”, conta o pesquisador.

 A importância da classificação dos solos

“Sabendo a classificação dos solos de determinada área conhecemos várias informações a respeito dele”, diz o pesquisador da Embrapa Solos Mauricio Rizzato Coelho. Ao separar na paisagem uma área de latossolo vermelho-amarelo distrófico, por exemplo, os estudiosos sabem que ele geralmente ocorre em relevo plano, sem problemas de mecanização, é pobre em nutrientes, precisa de adubação e calagem; no entanto, não costuma ter problemas em sua estrutura física.

Referências:

https://www.embrapa.br/solos

 

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