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Culturas transgênicas: 10 fatos destacados em 20 anos de produção

Nesta postagem está detalhado a situação mundial das culturas transgênicas em 2015 e os 10 principais fatos destacados nos 20 primeiros anos de produção e comercialização dessas culturas.

1. O ano de 2015 marcou o vigésimo ano de sucesso na comercialização de culturas transgênicas.

Uma superfície acumulada sem precedentes de dois bilhões de hectares, o equivalente a duas vezes a superfície terrestre dos EUA (937 milhões de hectares) foram cultivados em todo o mundo em 28 países anualmente no período 1996-2015. Os benefícios para os agricultores se estimam de maneira conservadora em mais de 150 bilhões de dólares. Cerca de 18 milhões de agricultores que desejam evitar riscos para as suas culturas, se beneficiaram destas variedades GM. Vale ressaltar que 90% deles eram pequenos agricultores com recursos limitados em países em desenvolvimento.

2. O progresso na adoção nos primeiros 20 anos.

Continuando com um destacado período de 19 anos consecutivos de crescimento desde 1964-2014, a superfície anual global cultivada com os cultivos GM alcançou 181,5 milhões de hectares em 2014, em comparação com 179,7 milhões de hectares em 2015, equivalente a um decréscimo marginal de 1,0% entre 2014 e 2015. Alguns países aumentaram seus plantios enquanto que outros reduziram devido principalmente aos preços baixos dos produtos agrícolas. Esta redução na área cultivada provavelmente será corrigida quando os preços destes produtos melhorarem. A área global de lavouras GM aumentou 100 vezes de 1996 para 2015, fazendo com que as culturas GM tenha sido a tecnologia agrícola de mais rápida adoção nos últimos tempos.

3. Pelo 4º ano consecutivo, os países em desenvolvimento plantaram mais culturas GM.

Em 2015, os agricultores da América Latina, Ásia e África plantaram coletivamente 97,1 milhões de hectares, 54% da área global de 179,7 milhões de hectares (em comparação com 53% em 2014) enquanto os países industrializados plantaram 82,6 milhões de hectares (47% da área global em 2014); esta tendência é provável que continue. Dos 28 países que plantam culturas GM em 2015, a maioria, 20, foram países em desenvolvimento e 8 países industrializados.

4. Cultivos com tecnologias de genes combinados (ou stack gene, que agrupam as características de resistência a insetos e tolerância a herbicidas) representaram 33% dos 179,7 milhões de hectares globais.

Caracteres combinados são preferidos pelos agricultores das 3 culturas mais importantes GM. Os caracteres combinados aumentaram de 51,4 milhões de hectares em 2014 para 58,5 milhões em 2015 – um aumento de 7,1 milhões de hectares equivalente a 14%. 14 países plantaram culturas com tecnologia de genes combinados com dois ou mais caracteres em 2015, dos quais 11 eram países em desenvolvimento. O Vietnam plantou milho Bt / HT, sua primeira cultura GM em 2015.

5. Pontos destacados em países em vias de desenvolvimento em 2015.

A América Latina cultivou a maior área, com o Brasil à frente, seguido pela Argentina. Na Ásia, o Vietnam plantou pela primeira vez e a vontade política em Bangladesh permitiu o plantio da berinjela Bt (Bacillus thuringiensis) e identificou o arroz dourado, uma batata resistente a fungos e o algodão Bt como futuros objetivos biotecnológicos. As Filipinas têm cultivado com sucesso o milho GM por 13 anos e está apelando de uma decisão recente do Supremo Tribunal sobre as culturas geneticamente modificadas, enquanto que a Indonésia está prestes a plantar uma cana-de-açúcar tolerantes à seca desenvolvidas localmente.

A China continua a se beneficiar do algodão Bt (18 bilhões de US$ de 1997 a 2014) e é de se destacar a recente oferta da ChemChina (China National Chemical Corp) para adquirir Syngenta. Em 2015, a Índia se tornou o maior produtor de algodão do mundo, o algodão Bt teve uma significativa contribuição – os benefícios para o período 2002-2014 são estimados em 18 bilhões de US$.

A África teve progressos, apesar de uma seca devastadora na África do Sul, que resultou na redução do plano de plantio em cerca de 700.000 hectares em 2015, uma enorme diminuição de 23%. Isto sublinha uma vez mais a ameaça vital que representa a seca na África, onde, felizmente, a introdução do milho GM tolerante à seca do projeto WEMA está previsto para 2017. O Sudão aumentou a área plantada do algodão Bt em 30% para 120.000 ha em 2015 enquanto vários fatores impediram uma área maior em Burkina Faso. Em 2015, 8 países africanos fizeram testes de campo com culturas GM prioritárias para a África, a penúltima etapa antes da aprovação final.

6. Eventos mais importantes nos EUA.

Registaram-se progressos em várias frentes, incluindo várias aprovações e comercialização de culturas transgênicas, tais como batatas INNATE™ e as maças Arctic®; comercialização do primeiro cultivo não transgênico de genoma editado, a SU Canola™ tolerante a herbicida; a primeira aprovação de um produto alimentar animal, um salmão GM para consumo humano; e uso crescente em I+D de uma potente tecnologia de edição de genoma chamada CRISPR (Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Inter espaçadas); Alta adoção do milho GM tolerante à seca; Dow e DuPont se fundiram para formar DowDuPont.

7. Alta adoção do primeiro milho tolerante a seca plantado nos EUA.

O milho GM DroughtGuard™, plantado pela primeira vez nos EUA em 2013, aumentou 15 vezes, de 50.000 hectares em 2013 para 810.000 em 2015, refletindo assim a aceitação por parte dos agricultores. O mesmo foi doado para a associação público-privada WEMA, direcionado à introdução do milho tolerante à seca em países selecionados na África em 2017.

8. Situação das culturas biotecnológicas na União Europeia (UE).

Cinco países da UE plantaram 116.870 hectares de milho Bt, uma queda de 18% em relação a 2014. A área diminuiu em todos os países devido a diferentes fatores, incluindo a menor área plantada com milho e maiores exigências burocráticas de relatórios para os agricultores.

9. Os benefícios das culturas transgênicas.

Uma análise global de 147 estudos ao longo dos últimos 20 anos, relata que “em média, a adoção da tecnologia GM reduziu o uso de pesticidas químicos em 37%, incrementando os rendimentos das culturas em 22% e os benefícios dos agricultores em 68% “. (Qaim et al, 2014). Estes dados confirmam os resultados de outros estudos globais (Brookes et al, 2015).

De 1996 a 2014, os culturas transgênicas têm contribuído para melhorar a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e atenuação das alterações climáticas, aumentando a produção de alimentos em um valor estimado de 150 bilhões de dólares; proporcionando um melhor meio ambiente através da redução da utilização de pesticidas em 584 milhões de kg de ingrediente ativo; em 2014 por si só reduziu as emissões de CO2 em 27 bilhões de kg, o equivalente a redução por um ano a frota em 12 milhões de carros; conservando a biodiversidade poupando 152 milhões de hectares de terra de 1996-2014; e ajudou a aliviar a pobreza de cerca de 16,5 milhões de pequenos agricultores e suas famílias, totalizando 65 milhões de pessoas que estão entre as mais pobres do mundo.

As culturas transgênicas são essenciais, mas não são uma panaceia – a adoção de boas práticas agrícolas, tais como a rotação de culturas e o manejo de resistência são fundamentais tanto para as culturas geneticamente modificadas como para as culturas convencionais.

10. Perspectivas futuras.

Três aspectos merecem consideração. Em primeiro lugar, a alta adoção (90-100%) das culturas geneticamente modificadas aprovadas nos atuais principais mercados de biotecnologia, deixando pouco espaço para crescimento; no entanto, existe um potencial significativo em outros países “novos” para determinados produtos, como o milho GM, que tem um potencial de pelo menos 100 milhões de hectares a nível mundial – 60 milhões de hectares na Ásia (35 milhões só na China) e 35 milhões de hectares na África.

Em segundo lugar, há mais de 85 produtos novos potenciais em desenvolvimento atualmente em fase de teste de campo avançado, o penúltimo passo antes da aprovação. Estes novos produtos incluem o milho tolerante à seca cuja introdução na África está prevista para 2017; o arroz dourado na Ásia; bananas fortificadas e feijão resistente a insetos que são promissores na África. Institucionalmente, parcerias público-privadas (PPP) conseguiram desenvolver e disponibilizar aos agricultores produtos aprovados.

Em terceiro lugar, a chegada das culturas transgênicas pode ser o maior impulso para desenvolvimento agrícola identificado pela comunidade científica atual. Uma aplicação recente é uma poderosa tecnologia chamada CRISPR. Muitos observadores informados acham que a edição genética fornece um conjunto adequado e eficaz de vantagens competitivas significativas sobre as culturas convencionais e transgênicas em quatro áreas: precisão, velocidade, custo e regulação. A diferença da onerosa regulação que atualmente se aplica as culturas transgênicas, os produtos geneticamente editados prestam-se a uma regulamentação adequada para os seus objetivos, com base científica, proporcional e não onerosa. Se tem proposto uma estratégia para o futuro (Flavell, 2015) combinando a troika dos transgenes, a edição do genoma e os micro-organismos (o uso de microbiomas vegetais como uma nova fonte de genes adicionais para modificar os caracteres das plantas) para aumentar a produtividade de culturas, na forma de “intensificação sustentável”, que por sua vez possa contribuir de maneira viável ao nobre e essencial objetivo da segurança alimentar e redução da fome e da pobreza.

  • Referência: http://www.isaaa.org/resources/publications/briefs/51/toptenfacts/default.asp

 

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